Toda biblioteca nasce duas vezes: primeiro como ideia, sonho e projeto; depois, como espaço concreto que abre as portas para acolher pessoas, livros e experiências. Foi assim com a Biblioteca do Campus Rebouças da Universidade Federal do Paraná. Inaugurada em dezembro de 2016, começou a ganhar forma muitos anos antes, nos corredores de reuniões, nas plantas arquitetônicas, nos relatórios e, sobretudo, na dedicação de quem vislumbrou e acreditou que aquele espaço poderia se tornar realidade. 

Entre essas pessoas, está a bibliotecária Sonia Mara Saldanha Bach Passot – ou Soniamar Passot, servidora da UFPR desde 1991, que assumiu em 2012 a missão de implantar a nova unidade. Um desafio imenso: planejar a estrutura, organizar o acervo, acompanhar as obras, articular recursos humanos e financeiros e, ao mesmo tempo, idealizar uma biblioteca que fosse mais do que estantes e salas de estudo, mas também um espaço cultural, de encontro, de trocas e de pertencimento. 

Seis anos de trabalho intenso resultaram no espaço que hoje conhecemos: amplo, acessível, moderno e vibrante, inspirado em modelos internacionais de inovação, mas enraizado na realidade e na comunidade da UFPR. Uma biblioteca nascida do esforço coletivo, mas também da visão apaixonada de quem vê no livro, na pesquisa, nas inter-relações e na cultura o alicerce de uma universidade mais viva.

Da ideia ao espaço real 

O sonho começou a se concretizar em 2008, quando a UFPR teve a oportunidade de instalar um novo campus, no bairro Rebouças, com três blocos destinados a abrigar cursos das áreas de Educação, Psicologia e Turismo — e, futuramente, também Biblioteconomia e Museologia. No coração desse campus, nascia o projeto de uma nova biblioteca, pensada desde o início como espaço de apoio acadêmico, bem como de convivência, cultura e inovação. 

Em 2012, a bibliotecária Sonia Mara (Soniamar) Saldanha Bach Passot foi convidada pela Direção do SiBi para assumir a implantação da unidade. Começava ali uma jornada singular: não apenas gerir, mas dar forma a algo que ainda não existia. Acompanhando de perto as obras, participando de decisões arquitetônicas, definindo layouts, discutindo mobiliário e planejamento de acervo, Soniamar liderou uma equipe que construiu a biblioteca do zero. 

Inspirações e inovações 

Entre as referências trazidas ao projeto, estava a Biblioteca Marie Curie, em Lyon (França), onde a bibliotecária havia realizado parte de sua formação. Dali vieram ideias de cores vivas, acessibilidade, inclusão e a concepção de uma biblioteca aberta às exposições culturais e interações com a comunidade acadêmica. 

Ao mesmo tempo, os desafios eram muitos: planejar um acervo inicial de cerca de 24 mil títulos (entre livros, teses, dissertações, fascículos de periódicos e outros, do acervo da pós-graduação de Educação e Turismo), organizar o trabalho técnico ainda em outra unidade (a Biblioteca de Ciências Humanas), dimensionar recursos humanos e lidar com a complexidade dos processos administrativos de compras, licitações e pregões. 

A inauguração e o legado 

Após anos de dedicação, a Biblioteca do Campus Rebouças (RB) foi inaugurada em 16 de dezembro de 2016. Por conta de algumas intercorrências de ordem política institucional, houve uma reinauguração em 25 de junho de 2018, e a abertura oficial da Biblioteca do Campus Rebouças para atendimento ao público se concretizou em 12 de julho daquele ano.

Um espaço de mais de 2 mil metros quadrados, com salas de estudo, cabines individuais, áreas de convivência, tecnologia, acessibilidade e um ambiente pensado para unir ciência, cultura e pessoas. Mais do que paredes, estantes e livros, a Biblioteca RB carrega em si a marca de uma construção coletiva, feita de sonhos, persistência e compromisso. Um testemunho de que cada biblioteca é, antes de tudo, uma história viva dentro da Universidade. 

“Conhecimento e cultura caminham juntos dentro de uma biblioteca.”  
— Soniamar Passot 

A história registrada em livro 

O resultado desse trabalho acaba de ganhar registro no livro que Soniamar lança neste mês de outubro, escrito com a cooperação das bibliotecárias Tania de Barros Baggio e Maria Teresa Alves Gonzati, e da professora Iranise Moro Pereira Jorge. A obra, produzida pela editora franco-brasileira Rosafrancesa, resgata os bastidores da implantação da Biblioteca do Campus Rebouças e se torna também um documento de memória institucional do Sistema de Bibliotecas da UFPR. 

Atualmente aposentada, morando na França, Soniamar segue acompanhando com carinho os passos da biblioteca que ajudou a construir. Para ela, a RB simboliza não apenas uma nova fase da UFPR, mas também o potencial das bibliotecas como espaços de ciência, cultura e convivência comunitária.

_________________ 
Por Danielle Salmória (Seção de Comunicação e Marketing do SiBi/UFPR)